Blockchain pode prevenir intoxicações por metanol em bebidas em SP
Recentemente, exploramos como a tecnologia blockchain pode ser uma aliada poderosa na cadeia de produção de alimentos. Imagine registrar cada fase do processo, desde a colheita ou criação até a comercialização, de forma transparente e auditável. É assim que essa inovação vem se mostrando útil, especialmente em setores que demandam certificações rigorosas, como as de certificações halal e kosher, Denominação de Origem Controlada para vinhos e queijos, e até mesmo em produtos orgânicos e de comércio justo. Além disso, a blockchain promove rastreabilidade e bem-estar animal, permitindo verificar a procedência de alimentos especiais, como cafés, azeites e carnes premium.
A essência da blockchain é ser um registro distribuído e imutável. Cada bloco armazena informações que são validadas por uma rede de participantes. Essa tecnologia é como um “livro-razão” que registra tudo de maneira sequencial, garantindo segurança e confiabilidade. Embora inicialmente associada ao mundo das criptomoedas, a blockchain possui um potencial enorme além do financeiro. Ela pode ser aplicada na autenticação de documentos, proteção de propriedade intelectual e rastreamento logístico, abrangendo áreas como energia e administração pública.
Uma situação recente em São Paulo, onde bebidas adulteradas com metanol levaram a várias mortes, destacou as falhas nas práticas de controle de qualidade. Esse caso levantou a questão de como podemos prevenir tais tragédias e responsabilizar quem está por trás. A blockchain se apresenta como uma ferramenta que pode revolucionar a fiscalização nesse contexto. Com um sistema que registra cada etapa, da produção até o ponto de venda, consumidores e estabelecimentos podem verificar se o produto é autêntico. Fraudes poderiam ser detectadas rapidamente, atribuindo responsabilidades de forma clara.
Vamos imaginar uma grande fabricante de bebidas destiladas. Ao adotar um sistema de rastreabilidade em uma blockchain acessível online, cada lote produzido recebe um código único. Esse código é registrado junto a informações como local de produção, responsável técnico, testes laboratoriais e data de engarrafamento. Quando a bebida sai da fábrica, todos esses dados são atualizados novamente na rede, incluindo informações sobre transporte e distribuição. Assim, acompanhamos a trajetória do produto, garantindo que ele permanece íntegro em cada etapa do percurso.
Para proteger esses registros, a blockchain utiliza um método conhecido como hash criptográfico. Funciona como uma impressão digital: cada ação gera um código único que é gravado. Isso significa que, se alguém tentar fazer alterações, a fraude fica evidente, pois o hash mudaria radicalmente.
No ponto de venda, cada garrafa leva um QR Code que pode ser escaneado por qualquer consumidor. Ao fazer isso, é possível acessar todo o histórico daquela bebida: desde o local onde foi produzida até os laudos de qualidade. Caso um lote adulterado chegue ao mercado, o sistema facilitaria a detecção da fraude. Os registros inconsistentes apontariam onde ocorreu a adulteração, permitindo rastrear e responsabilizar a parte da cadeia que falhou.
Esse raciocínio de rastreamento é do conhecimento também em casos de crimes financeiros envolvendo criptomoedas. Ao contrário do que muitos imaginam, a blockchain não é um abrigo seguro para criminosos. Na verdade, suas transações são publicamente registradas e audíveis, o que facilita a análise forense para descobrir responsáveis por atividades suspeitas.
A boa notícia é que essa não é uma ideia futurista. Em vários países, a blockchain já está sendo usada em setores como saúde, seguros e cadeias globais de suprimentos. É uma tecnologia acessível e eficaz que, se implementada amplamente, poderia ter mitigado os riscos no triste caso das bebidas em São Paulo.